23jun • 20 12 livros para 2020, Bernard Cornwell, Desafio das GeLs, Ficção, literatura estrangeira, Record, resenha, Resenhas de Livros, Romance

Resenha #320 O Rei do Inverno

Título: O Rei do Inverno
Série: As Crônicas de Artur
Ordem: 1
Autor: Bernard Cornwell
Editora: Record
Gênero: Romance/ Ficção/ Literatura Estrangeira
Páginas: 546
Ano: 2015
Classificação: 4 estrelas
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Sinopse: O Rei do Inverno conta a mais fiel história de Artur, sem os exageros míticos de outras publicações. A partir de fatos, este romance genial retrata o maior de todos os heróis como um poderoso guerreiro britânico, que luta contra os saxões para manter unida a Britânia, no século V, após a saída dos romanos. “O livro traz religião, política, traição, tudo o que mais me interessa,” explica Cornwell, que usa a voz ficcional do soldado raso Derfel para ilustrar a vida de Artur. O valoroso soldado cresce dentro do exército do rei e dentro da narrativa de Corwell até se tornar o melhor amigo e conselheiro de Artur na paz e na guerra.

Finalmente mais um livro do desafio #12livrospara2020 foi finalizado! Sim, esse demorou, mas acabou e agora vou contar as minhas impressões sobre a leitura.

Eu ganhei o box “As Crônicas de Artur” há algumas bienais passadas, calhou de anos depois eu começar a ler muitos livros sobre o universo mítico de Artur, vocês podem conferir minhas resenhas aqui, aqui e aqui. Esse ano decidi que queria conhecer uma nova perspectiva dessa lenda. Foi minha segunda tentativa de ler o livro, a primeira vez abandonei porque não estava na vibe certa, mas dessa vez foi e vou contar um pouco do enredo desse livro 1.

Tudo começa com Derfel, o narrador da história e um padre já idoso, ele está contando para sua rainha Igraine, algumas das história de quando era guerreiro. Ela tinha muita curiosidade sobre Artur, e como Derfel tinha sido um dos guerreiros mais próximos de Artur, ele começa a escrever sobre seus dias naqueles tempos há muito passados, como um favor para ela.

É através do olhar dele que somos inseridos na história, em um dia muito frio de inverno quando o herdeiro da Dumnonia estava nascendo. Quando Mordred nasce com uma deficiência no pé, os prenúncios que esse fato traz são os mais negativos possíveis, a ausência de Merlin e a certeza de que o Grande Rei Uther está no fim de sua vida, deixa todos muito inseguros quanto ao futuro de seu país.

Mas como tudo o que está ruim pode piorar, as constantes disputa de poder entre os reinos da Britânia e a ameaça de invasão saxã e outros povos, impede uma possível paz para todos. É um mundo em constante instabilidade, de guerras e sangue, e só um guerreiro ousado e um tanto carismático tentaria unificar os reinos e trazer a tão sonhada paz para a Britânia.

Esse guerreiro só poderia ser Artur, filho bastardo de Uther, que há muito tinha abandonado as terrar de seu pai, mas ainda assim muito reconhecido por suas habilidades com a espada e sagacidade em campo de batalha. É impossível não admirar Artur, apesar de suas muitas falhas.

Quando Uther morre, Artur acaba se tornando um dos guardiões de Mordred. Ele promete entregar o reino da Dumnonia a ele assim que o bebê crescesse e pudesse governar por conta própria, mas enquanto isso não acontece, é responsabilidade dele proteger o trono de Mordred. A verdade é que muitas das coisas que desejamos, nem sempre acontecem como esperamos, e esse livro é a prova.

Em paralelo às questões políticas, temos as religiosas. O cristianismo aos poucos tomava conta do mundo e a luta de Merlin era para manter a religião antiga, dos druidas, viva e assim devolver aos deuses o domínio da Britânia. É interessante essa parte porque ela é quase um apêndice do livro, enquanto o mundo desaba com as constantes guerras, Merlin só tem um objetivo, e ele o perseguirá independente de suas lealdades.

A trama é bem mais intrincada do que resumi aqui, e isso fica claro nas primeiras páginas com um índice de personagens com a explicação de quem é quem e de lugares também, para tentar fazer com que o leitor não se perca com a surra de personagens e lugares a que somos levados apenas nesse primeiro livro.

São mais de quinhentas páginas e apesar de ter gostado do resultado final, não posso deixar de comentar os pontos negativos. O Derfel é um narrador chato. Conhecemos ele ainda como um adolescente impressionável que desejava ser guerreiro, acompanhamos sua trajetória até lá, suas várias conquistas e por seu olhar conhecemos, amamos, nos decepcionamos e aborrecemos com os personagens rsrs. Ele divaga muito em vários momentos e a história fica cansativa. Os melhores momentos são durantes as batalhas e nas interações com o Artur.

Esse livro me mostrou um lado dos personagens mais conhecidos totalmente diferente do que já tinha lido, vou citar três exemplos para ficar mais claro:

Morgana: em As Brumas de Avalon, ela é uma jovem sacerdotisa e aprendiz de sua tia, ela sabe que tem um papel importante, ela acaba sendo usada para interesses de terceiros e a infantilidade na personagem só me fizeram sentir aborrecimento. Em Os Cavaleiros da Távola Redonda, ela é uma vilã terrível e aqui nesse livro ela passa tão despercebida que claramente teve seu papel desperdiçado. Uma vergonha Bernard, e eu espero que isso mude nos próximos livros.

Lancelot: Em Brumas ele é o amigo e primo mais próximo de Artur, quase um irmão. Um dos cavaleiros mais corajosos do reino e interesse amoroso de Morgana. Classicamente apaixonado por Guinevere e não “age” sobre seus sentimentos por motivos óbvios rs. Em Cavaleiros da Távola ele não tem grandes destaques. Em Rei do Inverno ele é um covarde que não faz jus a sua fama. Confesso que ri e me diverti com isso, ele é o nêmeses do Derfel.

Guinevere: Em Brumas ela é uma jovem e inocente garota que se apega à religião como um meio de manter a sanidade por não conseguir cumprir com seu papel básico como rainha – no caso, prover um herdeiro ao trono. Em Cavaleiros ela aparece como uma rainha atrevida e de personalidade, ela sabe seu lugar e se impõe. Já em Rei, ela é uma pagã, com porte de guerreira e que conquista Artur com sua sagacidade. Minha versão favorita e menos odiável dela sem sobre de dúvidas.

Bom, com esses exemplos dados, vou tirar uns minutos para falar de Artur. Esse foi o único livro que me fez acreditar na possibilidade da lenda ser verdadeira. Aqui ele não é rei, não é um jovem influenciável como em Brumas ou um rei aventureiro como em Os Cavaleiros da Távola Redonda. Sei que são públicos e perspectivas diferentes da mesma história, mas acredito que pelo Bernard não ter usado elementos fantásticos, tudo ficou mais crível.

Ele é um homem ambicioso, carismático, um grande líder e com toda a aparência e elementos que o tornariam um grande rei, mas ele é cheio de falhas e são essas que o levam aos caminhos complicados ao longo do livro. Artur é admirável e encantador na versão de Bernard Cornwell, mas confesso que ainda estou esperando por um livro em que ele narre sua própria história e dê voz aos seus pensamentos, não ao que os outros acham que ele pensa.

Essa resenha acabou ficando maior do que eu esperava rsrs, mas espero que sirva para vocês entenderem um pouco do que vão encontrar ao ler esse livro. Fica aqui a minha indicação e em breve retornarei ao mundo de Artur através do olhar de Derfel.

Até breve.

Confira a resenha em vídeo

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