
Título: As aventuras de Huckleberry Finn
Autor: Mark Twain
Editora: Zahar
Páginas: 408
Ano: 2019
Gênero: Aventura/ Infantojuvenil/ Literatura Estrangeira/ Literatura Americana
Classificação: 5 estrelas
Sinopse: Huckleberry Finn – o parceiro de Tom Sawyer – escapa de casa para embarcar em uma série de aventuras junto com o escravo fugitivo Jim. A bordo de uma jangada, os dois sobem o Mississippi e vivem situações extraordinárias com personagens inesquecíveis – como o “Rei” e o “Duque”, uma das maiores duplas de vigaristas da história da literatura.
Narrado em primeira pessoa pelo próprio Huck, a viagem de formação que une o menino rebelde ao escravo negro perseguido atravessa questões sérias e profundas que continuam a nos desafiar: o racismo e a escravidão, a brutalidade das relações humanas no “mundo adulto” e o puritanismo religioso e cultural. Em conflito com os valores corruptos e hipócritas da sociedade, Huck enfrenta o dilema de salvar o amigo ou entregá-lo às autoridades.
Esta edição traz o texto integral de Mark Twain em notável tradução de José Roberto O’Shea – que respeita a fabulosa inovação linguística do original, recriando seus tons, nuances e cores –, além de excelente apresentação, mais de cem ilustrações originais de E.W. Kemble, notas e cronologia de vida e obra do autor.
Eu não esperava que um livro infantil fosse ter tantas camadas e tantos assuntos importantes para se comentar, mas esse aqui tem. Esse livro é precioso e vai me render umas boas linhas de escrita, então pega sua bebida de preferência e bora conversar.
As aventuras de Huckleberry Finn é um clássico da literatura infantil americana, já rendeu vários trabalhos e analises sobre ele, mas esse não é o objetivo dessa resenha, aqui eu quero conversar com vocês sobre os motivos de eu ter gostado e como o autor conseguiu retratar de forma clara a sociedade e a região onde ele cresceu.
Mark Twain vai nos apresentar a Huck Finn, um conhecido já do público para quem leu o livro do Tom Sawyer, não foi o meu caso, mas aqui pude conhecer a ambos. Bom, o livro vai contar as aventuras que Huck vai viver enquanto foge pelo rio Mississippi, um dos mais famosos do Sul dos EUA.
O Huck é uma criança que foi adotado por uma viúva da sua cidade e com ela ele estava aprendendo a ter bons modos, ler e escrever e a se tornar um garoto educado da sociedade e não só mais um dos meninos largados que existiam na região. O pai do nosso protagonista é um homem extremamente abusivo, no livro lemos tudo pela visão do Huck e a minha impressão foi a de que ele narrou já bem mais velho os fatos que viveu durante a infância, então nós vamos ver várias cenas de violência por parte do pai dele.
São esses episódios de violência que fazem com que o jovem tome uma decisão de ir embora de vez e ele decide fazer isso através do rio. Ele organiza um plano e foge, mas não contava que iria encontrar no caminho um velho conhecido, Jim, o escravo que pertencia a viúva com quem ele morava anteriormente. Jim está fugindo, ele quer a liberdade e apesar de Huck saber que ajudar era errado – afinal ele era uma propriedade de outra pessoa, mas ele decide que vai apoiar Jim nessa fuga para que ele enfim possa viver a sua liberdade em regiões onde os negros não eram escravos.
Assim os dois vão seguindo ao longo do rio, vivendo diversas aventuras, navegando durante a noite e descansando durante o dia. Encontrando figuras interessantes e alguns canalhas também kkk, eles vivem muitas alegrias e algumas tragédias, tudo isso narrado pela visão do Huck.
Eu não esperava que assuntos tão densos seriam retratados em um livro voltado para o público infantil. Preciso levantar esses temas e comentar com vocês.
Primeiro a questão da violência doméstica, o pai do Huck é um alcoólatra e desconta no filho toda a sua revolta que é alimentada pelo vício, as partes com ele são terríveis. Vemos também um senso de justiça muito grande no Huck, ele é uma criança, entra nas brincadeiras de criança, não tem problemas para mentir e ser um danadinho quando precisa se dar bem, mas não existe maldade nas ações dele, aquela maldade de ser ruim – acredito que vocês conseguem me entender rs. Ele consegue até julgar corretamente quando se depara com pessoas de índole totalmente vil.
E por fim preciso falar sobre a questão do racismo, o autor foi muito criticado e até chamado de racista e dito que essa obra era racista por retratar o que acontecia naquele período e pelos pensamentos e certas atitudes de personagens dentro do livro. Na minha opinião isso é totalmente o oposto, o Mark Twain demonstra a realidade da América sulista extremamente racista, que entendia que um negro era propriedade sua e que exercia direito sobre aquilo. Nós vemos que as pessoas acreditavam nisso e passavam esse ensinamento para a frente, não tinham motivos para ter piedade de um outro ser humano se você não o visse como tal, é isso que o Huck faz, ele enxerga o Jim como um semelhante e decide ajudá-lo.
A relação de amizade que eles constroem ao longo de sua jornada é muito bonita e sejamos justos, o Huck era uma criança, então não devemos esperar atitudes de adulto, mas ainda assim ele tem atitudes muito corretas e admiráveis.
O final do livro é bem redentor e temos um final feliz após um certo perrengue. Eu fiquei muito satisfeita e o autor entregou o que prometeu no título do livro, nós vivemos uma grande aventura com o Huckleberry Finn e seu amigo Jim.
Indico demais a leitura, fica a dica e até breve!
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