
Título: Impostora
Autor: R. F. Kuang
Editora: Intrínseca
Páginas: 352
Ano: 2024
Gênero: Ficção/ Literatura Estrangeira/ Literatura Americana
Classificação: 4 estrelas
Sinopse: Da autora de A Guerra da Papoula e Babel, um thriller ácido e certeiro sobre apropriação cultural, racismo e as mazelas do mercado editorial
As escritoras June Hayward e Athena Liu se formaram em Yale e publicaram seus romances de estreia na mesma época. Tudo indicava que chegariam juntas ao estrelato, mas, pouco depois da graduação, Athena começou a colher louros literários, enquanto June recebeu apenas migalhas de reconhecimento. Afinal, ninguém aguenta mais ler histórias de mulheres brancas – ao menos é o que June pensa.
Quando Athena morre em um estranho incidente, June decide que chegou seu momento de brilhar. Por impulso, ela rouba o manuscrito do novo livro da amiga, uma obra experimental sobre a relevância dos trabalhadores chineses durante a Primeira Guerra Mundial.
O texto é brilhante. E June recebe uma proposta de publicação de sua editora, que sugere um reposicionamento de mercado. E se ela passasse a usar um nome ambíguo, como Juniper Song? June aceita, pois se uma história é boa, precisa ser contada. E as listas de mais vendidos a fazem acreditar que está no caminho certo.
Mas alguém parece saber que a obra-prima de Athena Liu foi roubada, e debates sobre plágio e identidade racial ganham as redes sociais. June então percebe que não poderá escapar desse fantasma para sempre. Do que ela será capaz para proteger o sucesso que acredita merecer?
R.F. Kuang mostra a versatilidade de sua escrita ao construir um retrato satírico de como diversidade, racismo e apropriação cultural são abordados em uma indústria que se considera livre de preconceitos, mas que não escapa das armadilhas e crueldades de um sistema que reproduz discriminações.
E não é que a Kuang escreve muito bem livros contemporâneos?!
Impostora foi um livro que causou um certo burburinho e eu fiquei muito curiosa, ainda mais por se tratar da história dos bastidores do mundo editorial. Acho que todos nós que amamos esse universo sempre nos perguntamos como as coisas funcionam na realidade, certo? Eu vivo lendo livros que mostram um pouco desses bastidores, mas em Impostora não tem nada romantizado, aqui vemos o lado sujo do universo editorial e o de até onde uma pessoa pode chegar para alcançar o sonho da fama e sucesso.
Bom, o livro vai contar a história de June, uma escritora que apesar de já ter conseguido publicar alguns livros nunca fez um grande sucesso, ela tá ali entre os tentantes rs. Ela tem uma “melhor amiga” chamada Athena que também é uma escritora, mas ela sim faz muito sucesso. Athena já chegou ao patamar em que tudo o que lança faz um super sucesso, ela e June se conheceram na universidade e se formaram no mesmo curso, porém enquanto uma despontou para o estrelato a outra não. Elas mantêm uma amizade um tanto estranha, permeada por muita inveja e uma compreensão que só quem compartilha os mesmos anseios tem.
O livro vai começar com June e Athena se encontrando para um happy hour e depois indo para a casa de Athena pra continuar a festinha, mas lá um terrível acidente acontece e Athena morre. June entra em contato com o resgate, mas quando eles chegam já é tarde demais… É aí que tudo começa de verdade, enquanto o socorro não chega, June aproveita para fazer uma tour pelo apartamento de Athena e encontra um manuscrito, ela rouba esse manuscrito e meses depois, adivinhem? Sim, ela publica como se fosse dela.
A June literalmente se aproveita do trabalho da amiga morta e assina o livro como se fosse dela, consegue um super contrato com uma excelente editora e quando o livro é lançado ele faz um sucesso estrondoso. Ela tem medo de ser descoberta? Um pouco, mas a nossa protagonista não tem ética, então ela vai fazer de tudo para sustentar a mentira e toda essa fraude e é isso que vamos acompanhar ao longo do livro, June sendo uma sem vergonha e tentando justificar de todas as formas possíveis que ela está certa e que não fez nada de mais rs #louca.
Gente, esse livro mexeu com os meus nervos kkk a June é uma personagem surreal, ela sabe que está errada e não faz muito pra mudar as coisas ou admitir seu erro, ela tem um objetivo e vai tentar de todas as formas tapar todas as brechas que possam denunciá-la. É surreal e me rendeu muitas risadas porque quando tu pensa que não pode piorar, ela vai lá e piora kkk só rindo mesmo.
A autora faz uma crítica muito bacana e jocosa ao mesmo tempo e eu gostaria de levantar pontuar algumas aqui. Primeiro a relação da June com a Athena e as amizades que mantemos por conveniência, a verdade é que elas não se gostavam, mas tinham algo em comum que era a escrita e tem certas questões da profissão – de qualquer uma – que só quem vive vai entender. Então elas tinham esse tipo de relação em que claramente não se gostavam, mas não conseguiam parar de conviver.
Outro ponto importante é sobre o lado pantanoso dos bastidores de uma editora. A gente entende que no fim do dia isso tudo é um grande negócio, nós amamos os livros, mas não podemos negar que conta mais a vendagem e quem vai fazer sucesso. Nessa história fictícia a Kuang cria uma editora que não vai se preocupar tanto assim com certas minucias como a leitura sensível ou até mesmo em verificar certas denúncias quando elas chegam, talvez por existir um certo código de ética que diz “não roubaras a historinha da amiga morta” rs, mas mesmo assim é algo muito questionável.
Outro ponto é a questão do marketing, como eles agem para impulsionar um livro que pode nem ser bom. Aqui vale uma pergunta pessoal, quem nunca caiu no hype de um livro que tava todo mundo falando? Todos nós já caímos e tá tudo bem, só vemos aí uma boa ação do marketing de uma editora, em alguns casos os livros são ótimos, mas em outros…
Vale comentar também sobre o julgamento da internet e essa moda do cancelamento. Quando a June alcança o estrelato ele traz consigo o ônus que é esse julgamento das pessoas nas redes sociais. Muitas apoiam e viram fãs e outras não, nem todo mundo vai gostar do livro, outras pessoas vão questionar a autoria ou até mesmo se ela teria o direito de falar sobre aquele assunto, visto que não ela não tinha nenhum tipo de vínculo com o tema, é uma discussão muito boa e algo pra gente analisar e pensar sobre. E até que ponto a nossa vida vive em função do que os outros estão falando a nosso respeito ainda mais nas redes sociais.
Eu acredito que esse livro rendeu bastante, eu li junto com os meus amigos e foi uma experiência ótima. O livro não é perfeito, incrível e inovador, ele tem lá as suas falhas de enredo e umas situações absurdas demais, mas dá pra relevar. Ele perdeu uma estrela por causa do final que foi bem ridículo além de risível, vou admitir que esperava bem mais, mas me decepcionei kkk. Enfim, indico a leitura sem sombra de dúvidas, acredito que vocês vão gostar tanto quanto eu gostei, mas não esperem muito do final.
Beijos e fica a dica, até breve!
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