22fev • 15 drama, mistério

Resenha #79 Mar da Tranquilidade

Título: Mar da Tranquilidade
Autor: Katja Millay
Editora: Arqueiro
Ano: 2014
Páginas: 368
Classificação: 4,5 estrelas
Sinopse: Nastya Kashnikov foi privada daquilo que mais amava e perdeu sua voz e a própria identidade. Agora, dois anos e meio depois, ela se muda para outra cidade, determinada a manter seu passado em segredo e a não deixar ninguém se aproximar. Mas seus planos vão por água abaixo quando encontra um garoto que parece tão antissocial quanto ela. É como se Josh Bennett tivesse um campo de força ao seu redor. Ninguém se aproxima dele, e isso faz com que Nastya fique intrigada, inexplicavelmente atraída por ele.
A história de Josh não é segredo para ninguém. Todas as pessoas que ele amou foram arrancadas prematuramente de sua vida. Agora, aos 17 anos, não restou ninguém. Quando o seu nome é sinônimo de morte, é natural que todos o deixem em paz. Todos menos seu melhor amigo e Nastya, que aos poucos vai se introduzindo em todos os aspectos de sua vida.
À medida que a inegável atração entre os dois fica mais forte, Josh começa a questionar se algum dia descobrirá os segredos que Nastya esconde ou se é isso mesmo que ele quer.
Eleito um dos melhores livros de 2013 pelo School Library Journal, Mar da Tranquilidade é uma história rica e intensa, construída de forma magistral. Seus personagens parecem saltar do papel e, assim como na vida, ninguém é o que aparenta à primeira vista. Um livro bonito e poético sobre companheirismo, amizade e o milagre das segundas chances.

Esse foi um livro comprado pelo impulso. Eu vi e simplesmente levei, não li resenhas e nem a sinopse rs fazia tempo que eu não lia um livro completamente no escuro. Não posso dizer que tinha uma expectativa, apenas achava ser algo bem diferente do que se revelou.
Nastya Kashnikov passou por um acontecimento terrível que mudou completamente sua vida, destruindo quem ela era e como era conhecida e então calou-se para o mundo. Alguns anos após o ocorrido Nastya vai morar com a tia em outra cidade, longe de tudo e de todos que a lembravam constantemente da pessoa que ela deixou de ser. Ao adotar um visual meio “pirigótica” e junto com seu silêncio ela tem o propósito de se manter o mais longe possível das pessoas e evitar ao máximo que elas se sintam tentadas a se aproximarem dela.

“As pessoas que nunca passaram por merda nenhuma sempre acham que sabem como você deve reagir ao fato de sua vida ter sido destruída. E aquelas que passaram por situações complicadas acreditam que você deveria lidar com as dificuldades do mesmo jeito que elas. Como se existisse um roteiro preestabelecido para sobreviver ao inferno.”

Josh Bennett também teve sua parcela de perdas, todos sabem que ele perdeu sua família gradativamente até restar apenas ele. Isso criou uma espécie de redoma a sua volta e apenas um ou outro se atrevem a atravessá-la.
Josh acaba intrigando Nastya de uma forma que ela acaba se aproximando do rapaz ou melhor, impondo sua presença. Essa presença da Nastya sem motivo aparente intriga Josh que vai aceitando até que passam a desenvolver uma relação única.
Conhecemos também um ou dois personagens carismáticos. Nastya com suas roupas vulgares acaba atraindo a atenção do amigo de Josh, o engraçadinho Drew que também se esconde por trás de um jeitinho canalha de ser. E o talentoso Clay que consegue ver por baixo da camada superficial das pessoas.
A narrativa alterna entre os pontos de vista de Nastya e Josh e aos poucos vamos acompanhando como a companhia e interação entre eles vai afetando ambos. A leitura flui e você se vê mergulhado na história a cada capítulo. Lá pelo meio do livro você entende a relação com a capa e gosto muito disso em um livro. O que aconteceu com Josh todos sabemos mas Natya fica envolvida em uma nevoa que não nos permite ver tudo causando aquela ansiedade para saber o que te fato aconteceu com ela ao mesmo tempo que você tem várias suposições horrorosas para justificar o trauma da personagem. O que a personagem me passou fez com que eu pensasse nas maiores barbaridades.

“Até que morrer não é tão ruim assim depois que já aconteceu uma vez.
E eu já morri.
Não tenho mais medo da morte.
Tenho medo de todo o resto.”

Não pude deixar de notar uma certa semelhança com Breakable em um ponto. Quando um personagem passa por um evento traumático, este adota um outro nome como uma forma de se distanciar daquela pessoa que sofreu. No caso desse livro, os nomes tem uma importância para o personagem e um significado que é revelado no final.

Pra mim foi uma leitura um tanto densa pois eu não estava esperando algo assim. O livro foi bem escrito mas não terminei com aquela sensação de leveza que eu estava esperando, pelo contrário ele me deprimiu. Isso se deu pela maneira como a autora resolveu as coisas com determinado personagem muito importante. Ela não deu a atenção devida e não mostrou o rumo que esse personagem tomou, ok que da pra imaginar mas as vezes gosto das coisas mastigadinhas rs. Toda aquela raiva da Nastya que não foi direcionada a quem devia no momento esperado. Ela acabou tendo que engolir quando você espera que ela possa finalmente extravasar tudo e com isso iniciar o processo de cura. Sim, eu fiquei extremamente decepcionada, ficou uma sensação de algo entalado na garganta e o que me levou a não dar 5 estrelas.
Então no finalzinho há uma conexão incrível e inesperada que mudou muito o que a leitura desse livro estava sendo pra mim, me peguei sorrindo e me fez esquecer do caroço entalado na garganta rs

“Ele me contou muitas coisas naquela noite e eu me lembro de todas elas. Falou sobre mulheres e coisas imperdoáveis, sobre balanços na varanda e casas de tijolos vermelhos e lembranças que ainda não existiam.”

É um livro sobre a perda em diferentes aspectos, as maneiras de se lidar com isso, a influência das pessoas que permitimos transpor nossas barreiras, da aceitação do que não pode ser mudado e em se dar uma segunda chance e a esperança de um recomeço.
Quem gosta de histórias com personagens quebrados, um pouco de drama e sem aquele romance muito doce eu recomendo. Leiam e me contem o que acharam.

 

 

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