27jan • 20 12 livros para 2019, Desafio das GeLs, distopia, literatura estrangeira, Margaret Atwood, Record, resenha, Resenhas de Livros

Resenha #300 O Conto da Aia

Título: O Conto da Aia
Autor: Margaret Atwood
Editora: Rocco
Páginas: 368
Ano: 2017
Gênero: Distopia/ Literatura Estrangeira
Classificação: 4 estrelas

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Sinopse: Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano.

Um aviso, se você viu a série antes de ler o livro, provavelmente irá se decepcionar.

O Conto da Aia é o último livro do desafio dos 12 livros para 2019. Confesso que estou explodindo de alegria por finalmente conseguir finalizar esse desafio, mas esse comentário à parte, vamos falar sobre o livro.

Em O Conto da Aia nós temos o relato de uma mulher em sua vida cotidiana. Ela conta sobre sua alimentação, os serviços feitos na casa onde trabalha e fora dela, suas observações sobre os outros empregados, seus patrões e sua vida antes de chegar ali.

Podia ser algo bem simples e descomplicado, com uma fofoquinha aqui e acolá para deixar tudo mais interessante certo? Porém, aqui estamos tratando de uma distopia. O mundo mudou e essa sociedade em guerra é algo bem diferente da nossa realidade.

Gileade é uma teocracia, o que antes era os Estados Unidos se transformou após uma tomada de poder. Aos poucos as liberdades foram sendo minadas até se transformar no quadro que encontramos nas páginas de O Conto da Aia.

A narradora é Offred, uma mulher em seus trinta anos que é uma Aia. As Aias são mulheres treinadas e preparadas com o propósito de gerar vidas. Com a guerra, veio a radiação que levou muitas mulheres a se tornaram inférteis, e a necessidade de procriação era urgente. Testes eram feitos e aquelas com capacidade de ainda terem filhos, eram treinadas para se tornarem Aias. Em seguida eram enviadas para seus postos de trabalho: A casa de algum comandante importante do novo governo.

Por dois anos elas deveriam permanecer na casa e tentar engravidar. Se conseguissem, o bebê seria criado pela família e elas teriam prestado um grande serviço ao governo e à sociedade. Deixando claro que os métodos de concepção deveriam ser naturais.

É nesse cenário que vamos acompanhando a vida de Offred, seus receios e tentativas de manter seu verdadeiro eu vivo de alguma forma. Também vamos vislumbrar momentos de seu passado, conhecer sua verdadeira família através de suas lembranças, e ver características dessa nova sociedade e organização governamental.

Esse livro bebe da mesma fonte de outras distopias mais antigas, tem um tom de fatalismo, desesperança e desespero que encontrei nas páginas de 1984, porém ele não me ganhou da mesma forma. Em alguns momentos a narrativa te pega e você espera ansioso por algo que não acontece. Eu gostei do livro, achei interessante e estava dando 3 estrelas até o capítulo final que mudou tudo e me trouxe uma nova visão de tudo aquilo que tinha lido anteriormente. Por isso 4 estrelas.

É um bom livro, inteligente e muito bem escrito, mas não espere fortes emoções. Você dificilmente as encontrará aqui, mas sim uma ótima leitura. Fica a dica.

Até breve.

Confira a resenha em vídeo

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4 Comentários

  • Thais
    18 fev 2020

    Gostei muito da sua resenha, amo a série então vou dar uma chance ao livro também
    bjoo
    :*

    • Barbara Lima
      18 fev 2020

      Oi Thais, obrigada por comentar. Acho que a vale a pena ler o livro, mas vá sem grandes pretensões para não se decepcionar. Beijos!

  • Lydia
    02 fev 2020

    Gostei muito de sua síntese! É o primeiro resumo isento que li. Parabéns.
    A série e o livro são textos completamente diferentes.
    Eu li o livro e achei a narrativa bem arrastada. A história fala de uma sociedade onde todos são controlados, homens e mulheres. As aias fazem parte de uma elite e a maioria delas gosta dessa sensação de poder, principalmente se conseguem engravidar. O plot é completamente diferente daquele usado na série e compreensível, pois o livro é da década de 80 e a série tem os discursos dos dias atuais.
    Eu acredito que a autora, no livro, quis fazer mais referências ao controle teocrático sobre a população, uma crítica ao radicalismo que tem a religião como justificativa e que controla toda uma sociedade (o local onde vive é bem diferente do resto do mundo). O que não é a justificativa da série que, no meu ponto de vista, é ainda mais radical do que a história original e distorce várias perspectivas da história. (Por exemplo, a cena do sexo forçado e assistido que não existe no livro).
    O livro é pequeno, mas demorei uma eternidade para ler e quase larguei também, de tão enfadonho rsrsrsrsr
    Essa é minha opinião de leitora. 😉
    Bjoooo

    • Barbara Lima
      05 fev 2020

      Oi Lydia, tudo bem?
      Eu amei seu comentário, e concordo com tudo. Agora estou ainda mais curiosa para assistir a série e ver as mudanças que eles fizeram. Me parece que a série é mais política do que o livro, o que se justifica no cenário atual.
      Também acho que o livro tem um tom manipulador, não dá pra confiar totalmente no relato da Aia, e dependendo da voz narrativa da série, vai ser bem diferente.
      São abordagens diferentes e não tenho certeza se vou gostar da série, enfim é assistir para ter certeza rsrs.
      Obrigada por comentar!
      Beijos!